sexta-feira, 29 de junho de 2012

CELEBRANDO A INDEPENDÊNCIA



Por uma dessas felizes situações que a providência divina nos proporciona, nossa estadia em Moçambique coincidiu com o Dia da Independência do País, celebrado no dia 25 de junho, desde que as forças revolucionárias da FRELIMO deram ao povo africano seu legítimo poder. Na verdade, os portugueses não chegaram a resistir no processo; receberam um ultimato e deixaram o país em 24h. A guerra de Moçambique foi de forças internas pelo controle do país, das quais a Frelimo foi a que se sobressaiu.

Não tenho como avaliar os avanços políticos que o país viveu desde então, mas pelo testemunho da Blanches, que esteve aqui em 2006 e pelo que pude observar pessoalmente, há sem dúvidas muita coisa pra comemorar. Estradas asfaltadas, permitindo circulação de pessoas e bens com maior velocidade, aeroporto modernizado (mesmo que com capital chinês), fornecimento de energia praticamente sem interrupção, e acima de tudo, um clima de paz, onde crianças e idosos podem fazer as coisas próprias de sua idade, sem medo da violência pela guerra, e com liberdade.

As pessoas aqui são alegres, característica comum aos brasileiros, mas sabe-se que o povo moçambicano, a exemplo de outros povos da África, tem o espírito aguerrido, e se for necessário, vai à guerra, nem sempre por motivos justos (se é que a guerra pode ter motivo justo, a não ser, excepcionalmente, quando é para libertar-se do jugo opressor de outro grupo).

Blanches e eu fomos celebrar esse dia na praia, pois as aulas foram devidamente interrompidas. Pretendia me banhar nas águas do Índico, e aproveitar para comprar souvernirs moçambicanos em alguma feira, se abrirem, lógico. Quanto ao primeiro objetivo, as fotos dão conta de que apenas molhei as pernas. Ironicamente, o tempo estava nublado, um vento frio e as águas geladas não me convidaram ao mergulho; fiquei com receio de ter dor de ouvido. Mesmo assim, senti o Oceano Índico aos meus pés. Quem sabe numa próxima vez eu mergulhe e até adentre no mar de barco, como se faz no Brasil, para mergulhos de snorkel.


Uma curiosidade a respeito desse dia é a importância dele para as famílias moçambicanas, posto que é o dia de comer carne. Isso mesmo: comer carne em Moçambique não é coisa do cotidiano, mas de ocasiões especiais. Não se pode nem mesmo falar em um dia semanal; é extraordinário mesmo. Exceção honrosa estamos tendo no curso: todos os dias há algum tipo de carne, o que demonstra a importância e deferência com que estamos sendo tratados. Não à toa, os alunos e alunas estão adorando esse período também por isso, claro.

Depois fomos almoçar num restaurante - vazio àquela altura - e comemos carne, claro, ouvindo o discurso do presidente pela televisão, nas festividades da Independência, e com o privilégio de apreciar um coral composto de funcionários do local, dirigidos pelo proprietário, um sul africano casado com uma moçambicana.



Ao fim do dia, passamos no orfanato de Cambine, administrado pela Igreja Metodista em parceria com a Igreja da Alemanha, onde joguei futebol com os meninos de lá.


Com isso, estamos vivendo o cotidiano desse belo país, o que nos permite interagir bastante com a cultura e os costumes. Nzi Bongile (muito obrigado), Moçambique.


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